Questionada pelos deputados da oposição sobre este programa,
lançado em fase piloto no final do ano letivo passado, a presidente da
CNIPE, Maria José Viseu, respondeu: "Não existe pequeno almoço, o que
existe é fome nas escolas".
A responsável afirmou que a CNIPE já tentou fazer uma sondagem a
nível nacional, mas que não encontrou dados a este respeito. Também os
deputados da oposição na Comissão de Educação afirmaram que os
dirigentes escolares nada sabem sobre este programa.
Na última audição parlamentar dos responsáveis políticos do
Ministério da Educação nesta comissão, o secretário de Estado do Ensino
e Administração Escolar, João Casanova de Almeida, disse que o
programa estava em curso, em parcerias com empresas, embora tivesse
reconhecido não estar ainda em velocidade de cruzeiro. Estimou, no
entanto, que seriam abrangidos cerca de 10.000 alunos, pelos dados de
que dispunha na altura. Hoje, ao final da manhã foi também ouvida a
Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), que não
dispunha igualmente de dados sobre o assunto.
"Temos conhecimento de muitas famílias que não conseguem pagar os
livros dos filhos, que não lhes conseguem dar uma refeição quente e
isso muitas vezes só é conseguido à custa de grande esforço dos
diretores", declarou a deputada socialista Odete João. O presidente da
CONFAP, Albino Almeida, confirmou que a fome nas escolas está a
aumentar, constatando que à segunda-feira "os pratos ficam limpos",
mesmo quando os alimentos não são completamente do agrado dos alunos.
Além de também questionar a situação débil a que estão sujeitas muitas
famílias, a deputada do PCP Rita Rato criticou o Governo por "querer
importar o modelo alemão" na vertente profissional e numa lógica "filho
de operário é operário".
Ana Drago, do BE, sublinhou que a crise está a ter "um impacto
brutal nas famílias" e que as primeiras prejudicadas são as crianças:
"As escolas desdobram-se em soluções. Pequeno-almoço? O ministério diz
que está a andar, mas as escolas não sabem de nada, incluindo escolas
que foram abrangidas pelo projeto-piloto no final do ano letivo
passado". O PSD sublinhou que o ano letivo se iniciou com uma
normalidade reconhecida pelos diretores. Para Maria Viseu trata-se
apenas de aparente normalidade. "As escolas portuguesas são hoje
escolas onde se vive tristeza", garantiu.
Económico com Lusa 07-11-2012
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