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Alguns
pacientes relatam-me que por vezes sofrem uma quebra de tensão,
associando-a a sintomas como tremuras, fraqueza, tonturas ou sensação de
desmaio. No entanto, na generalidade dos casos, esses sintomas resultam
de uma baixa de açúcar e não de uma quebra de tensão, embora em certos
casos a primeira possa provocar a segunda.
Chama-se baixa de
açúcar ou hipoglicemia quando os valores da glicose (açúcar) no sangue
são iguais ou inferiores a 60 mg/dl. Embora na maioria dos casos não se
tenha à mão um medidor da glicose sanguínea, é importante saber avaliar
os seus sintomas para que a situação se possa corrigir rapidamente. Há
situações mais ou menos graves e podem manifestar-se quer em doentes
diabéticos quer em pessoas quem não sofrem desta patologia.
Uma
baixa de açúcar ligeira origina alguns sintomas desagradáveis como
suores, fome, tremuras, ou falta de forças, mas uma baixa de açúcar
grave e prolongada pode provocar coma e até a morte se não for tratada
atempadamente, uma vez que a glicose é o alimento primordial do cérebro e
se esta não lhe for facultada com a devida regularidade poderá conduzir
a alterações cerebrais graves.
Os casos mais graves
verificam-se habitualmente em doentes diabéticos e nos
insulinodependentes e estão habitualmente relacionados com uma
inadequada ingestão alimentar ou exercício físico excessivo
relativamente à dose habitual de insulina. Constato com frequência, que
nos diabéticos não dependentes de insulina a preocupação é tomarem os
hipoglicemiantes orais (comprimidos para baixar o teor de açúcar no
sangue) não se preocupando, muitas vezes, com o que comem e com os
horários das refeições. Se tomam comprimidos para baixar o açúcar no
sangue e este, porque não foi feita uma refeição no tempo certo, já
estava baixo, baixará ainda mais, podendo surgir sintomas de
hipoglicemia. Por isso, sobretudo nos doentes diabéticos, quer sejam ou
não dependentes de insulina, a alimentação é um ponto fundamental no seu
tratamento e não pode, em caso algum, ser menosprezada ou
negligenciada. Infelizmente constato que, não raras vezes, os doentes
são medicados para esta doença, mas muito pouco informados no que
respeita ao número, horas e composição das suas refeições.
Nas
outras pessoas a quem não foi diagnosticada diabetes, sintomas
semelhantes podem surgir quando estão muitas horas sem comer. Embora o
organismo tenha mecanismos de compensação para colocar a glicose no
sangue a partir de reservas que existem no fígado, a verdade é que as
reservas hepáticas deste nutriente não duram sempre e nem sempre o
sistema funciona na perfeição. Por isso, o melhor remédio está em
prevenir esses episódios.
Como fazê-lo? Tal
como se deve recomendar aos doentes diabéticos, todas as pessoas
deverão comer respeitando intervalos entre as refeições que não devem
ser superiores a três horas e meia, ingerindo as quantidades de
alimentos estritamente necessárias à manutenção de um peso saudável e em
que os hidratos de carbono de absorção lenta contribuam com pelo menos
50% do total calórico. Por isso, mesmo quando se pretende emagrecer, os
hidratos de carbono são obrigatórios!
O que fazer se as hipoglicemias são frequentes?Quando
se sofre pontualmente de hipoglicemias porque houve uma desatenção ou
um qualquer impedimento para comer no intervalo desejado, dois pacotes
de açúcar ou um sumo de fruta natural ou de garrafa que contenha
açúcares de absorção rápida deverão solucionar o problema acabando com
os sintomas. Se fizer uma refeição os sintomas desaparecerão também,
contudo esse processo será muito mais demorado.
Se sofre de
hipoglicemia com frequência ou a seguir às refeições, deverá consultar o
seu médico para despistar possíveis causas para o problema. Se o fizer,
poderá ajudar o clínico a fazer melhor o diagnóstico se lhe levar
anotadas algumas informações dos seus hábitos e sintomas:
- Faça um diário alimentar durante pelo menos um mês, registando tudo o que comeu e bebeu e a que horas o fez;
- Se pratica exercício físico ou o faz esporadicamente, anote-o também, especificando o tipo de exercício e a sua duração;
- Registe nesse mesmo diário o que sentiu (sintomas) e a que hora do dia;
- Se tiver alguma outra ideia do que os pode ter provocado, registe-a também;
- Escreva todos os medicamentos que estiver a tomar, se for caso disso.
A
hipoglicemia não é uma doença mas pode ser o resultado de uma doença ou
de hábitos de vida errados e pouco saudáveis que poderá melhorar.
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