quinta-feira, 3 de março de 2011

Pagar ou não pagar...

Há algum tempo, um casal confessou-me que a única forma de conseguir que o seu filho, já adolescente, fizesse a cama todas as manhãs, era pagando para que a fizesse. Pareceu-me, de imediato, uma aberração. Não faz qualquer sentido pagar a uma criança ou a um jovem para que ele faça algo que é suposto fazer. Isso apenas lhe ensina que tudo pode ser resolvido financeiramente e, obviamente, que a execução da tarefa é sempre opcional (o pagamento pode ser recusado) e que quanto maior o esforço maior deverá ser a recompensa. Se a criança é paga para agir de forma correcta, isso apenas significa que ela consegue ser subornada.

Penso que o raciocínio deverá ser exactamente o oposto. Desde cedo a criança deve receber uma semanada ou mesada. Nada de extravagante, apenas simbólica e capaz de satisfazer alguns pequenos caprichos à medida da criança. Esse dinheiro deve ser entendido pela criança como útil para a sua independência (poderá comprar com ela o que quiser, desde que não vá contra as regras estipuladas pelos pais) mas também como retribuição pelo seu trabalho familiar, nas pequenas tarefas que lhe são devidas, como fazer a cama, arrumar o quarto, ajudar a pôr a louça na máquina, a estender a roupa ou a tomar conta dos irmãos mais novos. O que pode ser feito é retirar à criança parte da mesada se determinada tarefa, considerada de rotina (fazer a cama, por exemplo), for constantemente ignorada. A mesada nunca deve ser entendida pela criança como dado adquirido mas como algo que tem de ser merecido. Pediatra 

por Paulo Oom, Publicado em 03 de Março de 2011 em ionline.pt


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